segunda-feira, 29 de julho de 2013

Esperança

     

       Existe um guerreiro dentro de nós que vive na sombra, nos recantos da nossa alma. Sempre nos guardando, sempre velando-nos em nossas almas. Seu olhar obtuso está sempre à espreita, vigilante e preciso. Alguns conhecem suas almas guerreiras e usufruem dela, outros ainda não as conhece, mas as têm dentro de si. 
       Essa alma guerreira é alimentada pela chama mais intensa e resistente da vida: a esperança. A esperança é o farol que resiste na tempestade iluminando o mar tempestuoso que assola os pequeninos barcos que atracam nas rochas. A esperança é a vela que nunca apaga, mesmo que ardendo em pequena e vacilante chama. 
          Esperança não é bem esperar, é crer. É crer que aquilo que se espera pode chegar, mesmo que as chances sejam praticamente nulas. O sentimento de esperança tem muito mais a ver com fé do que com espera. Talvez, analisando a palavra nas suas minúcias, seja um sentimento forte e enaltecido de se esperar, "Esperança" soa como confiança, que jogando no mesmo saco, dá na mesma. Mas não se usa confiança, pois que confiar é quase como que uma certeza arrogante, mas esperança é um sentimento aguerrido, guerreiro, que é belo em si só. Não é um sentimento prepotente, pois é dado àqueles que menos possuem valor, capacidade, mas ainda assim acreditam. 
           Esperança, traduzida em imagem, pode ser visto numa vela que mesmo depois de ter sua chama apagada ainda exala fumaça e uma tênue luz que vai se findando, mas que ainda num sopro divino ou um acaso do destino pode se acender novamente. Assim, inesperadamente, ESPERANÇOSAMENTE, a chama se instala novamente, queimando e iluminando. 
         O sentimento é belo e puro, pois vive de um elemento igualmente bonito: amor. É concedido esperança plena e verdadeira àqueles que amam. Deliberadamente a arte de amar, independente de o que, quem ou quando. Aqueles que amam, seja seu time, seu companheiro, sua família, sabe crer. Crê, não espera, porque quem espera apenas espera que aconteça, seja o que for que venha, mas aquele que crê que o doente pode ser curado, que o jogo pode ser revertido, que a batalha pode ser ganha, esse possui esperança, possui fé. A fé é a mãe da esperança, a fé tem origem em algo, ela nasce das mãos de algo divino, pois que a esperança crê que o fim pode ser mudado, mesmo a duras penas. Ela crê que alguma intervenção divina, supra, poderosa possa intervir no resultado. 
          A esperança nasce da fé, a esperança é o guerreiro do amor. Por favor, não conceba o amor resumindo-o a um casal, o amor que aqui falo é aquele que nos aproxima, aquele entre pais e filhos, homem e animal, homem e objeto... Qualquer tipo e forma de amor. 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Rise

      

     Meus versos são como feras que se alimentam de sentimentos, sejam eles quais forem. Como escritor aprendi que as palavras nascem de dentro de nós, onde alimentamo-as com tristeza, alegrias, esperanças, medo... Estive por algum tempo na escuridão, vazio, sem propósito, dormindo. As palavras se ausentaram de mim, ou melhor, meus sentimentos se ausentaram de mim em minha atitude de afastá-los por medo. Medo de sentir, medo de sofrer o que já sofri. 
     Pasmem!, pois descobri que o ser humano não vive sem medo, pelo contrário, necessita dele para viver. 
     
     Sempre disse que os maiores e melhores poetas se alimentam de tristeza. Grandes poemas são as dores mais profundas choradas sobre o papel. Não apenas de tristeza vive o poeta, mas da alegria, da esperança, dos sentimentos mais vivos e intensos. Não há poesia vazia, poesia "preto e branco". As palavras são uma profusão intensa e explosiva de vida, ou anti-vida. Elas são algo, não vazio. São tudo, não nada. 
     A literatura está ausente de mim assim como meus sentimentos um dia estiveram. Trago-os à tona agora, clamo-vos, adentrem meu coração cheio de esperança!
     Assim o sol renasce sobre as montanhas, depois da escuridão profunda. Depois do silêncio e do vazio da madrugada. Em instantes esse sol atinge seu esplendor, desabrochando flores do campo, deflorando cores, enchendo o ar com seus raios cor de ouro. 
     Como poeta espero ser este meu retorno à vida. Da vasta profundeza em que me encontrava surjo de volta, cuspido à tona de um mundo conturbado, fraco, rasgado, vazio, frio e desfragmentado, mas a chama se acende dentro de mim e as poucos vai consumindo os sentimentos com os quais as alimento. Novos sentimentos que irão me dar novas poesias, novas formas de beleza diferentes das profundas e líricas obras que se alimentaram um dia da minha derrocada, do monstro que me consumiu. O monstro que um dia se criou dentro de mim, que se alimentou do meu sangue e da minha tristeza, que escreveu por mim, está agora morto. Agora tenho um anjo, que ainda pequenino ergue suas asas e ilumina minha alma. Uma nova alma que acorda para um novo raiar, para um novo Sol.