Pois que sinto mais ardente em mim ganhar distância disso tudo. Tentado, agora mais do que nunca, a buscar desventuras selvagens que aquecem meu coração, eu entro na cavidade fria da natureza e me banho com o gélido perigo de viver. É com certo fulgor que escancaro novamente meus desejos e paixões já a muito esquecidos. É preciso buscar sempre no horizonte mais longíquo, nos mares mais tempestuosos, nas montanhas mais perigosas e nas florestas mais sombrias aquilo que chamamos de espírito selvagem. Eu não sei de fato o que ocorre comigo, mas sei apenas que meu ser clama pelo espírito das árvores, pelo espírito dos animais que ali residem, pela titânica paisagem natural que ainda nos resta. A chama ardente dos aventureiros nunca se apaga às intempéries ou se esfriam pelas nevascas que assolam os rochedos. Pelo contrário, quando o perigo bate a porta, o aventureiro se lança com toda sua força pela vida. Os aventureiros tem sede de aventura e perigo.
Hei de encontrar no pó da estrada, nas rochas fincadas ao solo e nos lagos de outras terras a minha alma perdida. A alma que desperta na tenebrosa escuridão da noite, reluzindo nos olhos dos anmais selvagens, interpretada na fúria do urso e no uivo do lobo.
Regendo tudo isso elevam-se aos céus os tambores tribais, nativos dessa terra marcados e ornamentados por seus companheiros de selva. É em volta de sua fogueira que celebram seus ancestrais, evocando a magia profunda da escuridão noturna e clamam pelos shamans místicos que residem na natureza selvagem.