segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O que restou


A vida me parece um monstro tão gigante e cá estou eu aos seus pés. Me sinto tão miudinho que parece que se eu quiser contra-atacar, bater, lutar ou ferir, dela não vou tirar sequer um arranhão.

Sabe quando estamos tristes, em momentos em que até os palhaços mais engraçados se tornam macabros e melancólicos? As cores se apagam e o mundo fica cinza e branco. Como eu desejo que meu passado fosse apenas sombras e pó, porque olhando agora, nada valeu a pena. Aprendi apenas a odiar o amor, saber que não vale a pena lutar por ele e por ninguém, apenas por si próprio.

Eu gostava mais quando corria gelo nas minhas veias. Quando meu coração era endurecido e meus dias eram mais sombrios.

Eu gostava mais quando era só comigo mesmo.

Ainda sou um velho náufrago mergulhado no oceano escuro, pairando nas sombras à espera de uma divina sereia de olhos vivos. Ouro e esmeralda encarnados numa só mulher.

Quero fazer do viver um presente, não um passado. Um passado que eu desejaria não ter vivido.