sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Promessa


Eu escrevo com aquilo que Deus me deu: minhas angústias, minhas dores sentidas, meus parcos momentos de felicidade. Minha alma em sombra não soube ainda viver na luz. Vagueio pelos brejeiros do esquecimento, em passos lentos, vislumbrando relances repentinos e curtos de uma vida aguerrida. Não possuo nenhum mal em meu coração, mas possuo um cancro doloroso e duradouro, que me prende ao chão, impossibilitando minha subida aos céus, e de igual forma, impedindo minha descida ao inferno.
O que me falta, são aqueles passos, incertos, porém encorajadores, interinos, que possam me lançar à vida! Já fui tudo aquilo que almejo, em pensamento, inerte em minha cadeira, sem o ânimo de ler uma página de livro.
Ah, como eu queria viver uma vida de desafios, para que assim eu possa lutar. Lutar mesmo que a batalha seja impossível, para que depois, coberto de sangue e suor, possa levantar os punhos e dizer, como nunca pude alguma vez dizer, cheio de orgulho e esgotamento: Venci!
Poder celebrar minha vitória com fortuna no coração, coração aquele acalentado pelo sentimento único e puro de trabalho. Marejar esses olhos meus, já secos de tanto olhar, abertos de estudar e trabalhar.
Poder também molhar os pés, uma vez secos, enclausurados, dentro da água fresca de um rio.

Que venha 2014, eu te espero de braços abertos!

Renegado



Ficou no tempo versos não escritos, palavras engasgadas e sorrisos não trocados.
Ficou no silêncio os gritos calados, as canções inacabadas e as poesias não recitadas.
Eu fiquei na penumbra, condenado ao meio do caminho.Sorri com os esquecidos e chorei a marcha dos vitoriosos.
Nas páginas da memória há lugares até para os que fracassaram, mas nunca para o marinheiro que não se lançou ao mar, nem ao soldado que trajado não tenha travado batalhas.
A história se lembra sempre do sangue derramado. O sangue que verteu dos feridos ou do que jorrou da espada dos vencedores.
Para os que assistem, nada resta, nem espaço, nem luz. Para os que assistem é relegado a sombra e o esquecimento.

Derrame na terra sangue e suor que ela lhe devolverá frutos. Mesmo que morra em seu intento, não tema, a terra generosa se abrirá em suas profundezas e engolir-te-á em cova sepultada.