terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Tempo


Se vocês querem saber do que tenho mais medo, eu lhes digo: o tempo.
Somos prisioneiros do tempo. A cada batida do ponteiro do segundo é menor a chance de você ser feliz, é menor a oportunidade de você conviver com seus avós, é menor a sua vida e é mais próximo o dia da sua morte.
O tempo é traiçoeiro. Ele não é justo, não é piedoso e muitas vezes ele pode ser ardiloso com você. Ele nunca vai voltar atrás por você, ele nunca vai se estender e nem se encurtar por causa das suas felicidades ou por suas dores. Ele simplesmente corre, independente de tudo, ele corre no seu ritmo milenar.
Sinto que quando deito e ouço o velho relógio de corda do meu avô soando pela madrugada contando nossos segundos, cada batida finca meu coração com uma desesperança bem esclarecedora. Então, além dos seus tic-tics ensurdecedores, a cada quinze minutos ele badala uma música que sempre te lembra que o tempo nunca para de correr.
O tempo é cruel. Você passa a vida a imaginar sua vida no futuro, seu emprego, seu possível casamento, seus filhos se assim preferir, suas viagens e suas felicidades, mas ninguém imagina que o tempo não para nos seus sonhos. Ele te coloca umas rugas na cara, destrói com seus joelhos e te dá uma boa dose de reumatismo. Miopia, que vem para todos. Remédios e consultas freqüentes no médico. Agora você encara as horas e vê que seus sonhos já foram, alcançados ou não, e que as horas nunca pararam para você.
Ah o tempo, ninguém o inventou. Ele sempre existiu, nós é que aplicamos o tempo às coisas.