terça-feira, 26 de abril de 2011

Rainha dos condenados


Te darei o benefício da dúvida, pois que nenhuma jura de amor deve proceder a um pedido de desculpas. Por tanto tempo eu te amei. Ficam as marcas das feridas que cicatrizaram no ferro quente, cicatrizes que marcam agora a rigidez de um coração duro, gelado e seco.
Assim como o dia que nasceu e morreu frio, faço dele o meu coração que, de tamanha tristeza e sangria se fechou. Tal a sua rigidez que por infortúnio do acaso pode-se a qualquer momento quebrar em mil fragmentos, como o pão em migalhas e derramar o sangue pelo chão como o vinho quente pela mesa.
Onde guardar aquela saudade penetrante que envenena os nossos corações? Como se livrar dos grilhões que prendem-nos a nossa tortura mental e que por crueldade suprema relembram-nos todas as melancolias de uma música?
Ah, a Tristeza, donzela tão pertubante e presente que, por sua gélida e incessante presença torna-me cativo de tua agonia e de tua pertubante coroa. Sonhos estraçalhados, lágrimas de cristal, coração de gelo e olhar perdido. A Tristeza é a donzela que visita-nos dia após dia, preparando-nos para a tua irmã mais chegada, aquela que caminha junto com as sombras e em nossos tenebrosos sonhos: a Morte.

domingo, 17 de abril de 2011

A queda do anjo


Pois que ele rasteja pela terra silenciosamente entre as sombras, de olhos negros e boca escarnada. Seu manto preto é tão negro quanto a noite, da qual nada se vê e seus olhos são em chamas como as labaredas das entranhas da terra. Sua face é como todas as faces e sua voz é como todas as vozes, doce e altiva. Ele vagueia pelas ruas entre todos, pois que todos não podem reconhecê-lo em sua forma humana e nem podem pressentir sua chegada.
Ele se arrasta pelas profundezas, onde é seu reino, bramando e atemorizando almas perdidas que foram confinadas ao seu reino de fogo. Pois que seus passos são reconhecidos pelo tilintar de seus grilhões e correntes que estalam de suas mãos, é também aterrador ouvir o farfalhar de suas asas que sacolejam o ar, ascendendo a criatura nos ares. Em seu império, andas com aquilo que és, sendo assim a sua face monstruosa revelada. Seus olhos são sombras e sua boca possui mil dentes de modo a tragar suas almas desesperadas. Seu corpo é feito de ossos e carne de seus prisioneiros e o estalar de seu chicote são os trovões que ressoam nos céus.
Atentai, não pelo caminho que andas, mas por aquilo que vês. Mesmo aquilo que vês não seja nada, porém, o virulento anda pela terra das sombras e adentra primeiro a sua mente antes de transpor ao teu caminho. Agarra-te com aquilo que mais te convém, pois o pestilento não teme a nada, apenas a poderosa mão do Nossos Senhor.
A cruz o afasta, mas não perante a cruz e sim a fé de quem a carrega, mesmo que aquele seja fraco de força, mas corajoso de fé, o demônio teme ao sangue de Nosso Pai, pois em tempos confusos fora confinado pelo Pai ao reino do fogo, subjugado e exilado dos céus.
Não adentrai em seu domínio, pois as garras afiadas do demônio hão de traga-lo ao caminho obscuro e ninguém que não for Nosso Senhor haverá de salvá-lo. Mil anos de tormento irá sofrer, por mil anos ouvirás o chicote do senhor do escuro brandir em teu lombo arrancando-lhe a carne e o sangue, que é o seu soldo pela estadia no inferno. Por mil anos pedirás ao Pai pelo perdão e dentro de mil anos escutarás clarins rebombarem ao longe, a luz virá dos céus e anjos enviados descerão ao teu martír para levá-lo ao teu descanso.
O demônio, sob as espadas dos ceús quebrarás os teus grilhões controversso, quando se for irá bramar e mais forte vai estalar o chicote naqueles que ali permaneceram.

"Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar" Pedro 5:8