quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Carta pra Deus


Deus, envia a chuva. Peço isso num tom de súplica, não pelo calor, nem pela secura, mas pela benção e beleza que ela representa. Envia a chuva, repito. Quero estar em casa, através dos vidros, vendo a água cair em torrentes, límpida, volumosa e estrondosa. Não quero nada mais que um café quentinho e cheiro do aroma para contemplar esse espetáculo.
Manda a chuva, eu insisto. Mas antes que a mande-a, peço tudo que tenho por direito. Sabe Deus, aquelas chuvas de verão que o Senhor manda? Então, daquelas lá. Aquelas em que começa com um ventinho gostoso e úmido, sabe, aqueles ventos com "cheirinho" de molhado. Depois o senhor pode aumentar, deixar ele bem forte até que vire uma ventania que balança as árvores, bagunça os cabelos e faz sentir frio. Ah, o mais importante, manda uma daquelas nuvens bem, bem escuras, aquelas com cara de tempestade, em que o dia vira noite. Depois de tudo isso pode começar a chover, mas faça-o lentamente, uns pingos aqui, outros ali e vai aumentando, é que é pra dar tempo pras pessoas correrem. Depois pode descarregar o aguaceiro. Não esqueça uns trovões aqui e acolá, mas não exagera nos raios, eles dão um pouco de medo e são perigosos.
Faça chover por um tempo, vai diminuindo e diminuindo até acabar. Mas não acaba por aí não! Depois da chuva, traz de sobremesa aquele cheirinho de terra molhada que a gente tanto gosta. Deixa frio do jeito que tava, assim fica bom e deixa aquele frescor úmido nas ruas pra gente poder viver feliz.
Obrigado por sua atenção.
Te amo!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Liberdade indômita


Sinto falta de muita, muita coisa. Talvez, sejam coisas triviais, mas uma coisa eu realmente sinto falta. Sinto falta de sentir o vento, sinto falta de sentir dor... sinto falta de estar vivo.
Sinto falta do medo, da chuva, das montanhas, da adrelina... ah, a adrenalina! Se tem algo nesse mundo que torna a vida em toda as suas gigantescas proporções aplicadas em seu corpo num piscar de olhos é a adrenalina. Ah muito tempo meu coração bate conformado dentro de mim, o que não sabe é que cada coração dentro de cada um de nós é um coração selvagem como o do alce ou do leão. Cada coração prima por algo primitivo que o mantém vivo, lembre-se: estar vivo não é a mesma coisa que viver. Você não precisa de tanto para viver, apenas de si e dum pouco que está lá fora, por preço algum que você não possa pagar. Venha, conheça um pouco da aventura. Largue os papéis, as leituras, os relógios e o conforto. Caia na estrada, engula um pouco de pó, sinta o frio gélido da chuva nos seus ossos, presencie o medo da noite e se aqueça numa fogueira na floresta.
Foi longa a caminhada do homem, chegamos a lugares que nunca imaginos poder chegar e vivemos num mundo que nunca fantasiamos em nossas primitivas mentes. Mas não há nada, nada como nossos prazeres primitivos que ainda mantemos dentro de nós, mas que escondemos sob um véu de falsidade. Máscaras e roupas são tudo o que nos prende. O que realmente precisamos para nós mesmos temos de graça. Dados por Deus e pela natureza.
Quando chegar a chuva e não houver mais poeira, nem calor e assim for possível caminhar, quero me lançar, no curto espaço de tempo que possuo, numa aventura, mesmo que dentre uma tarde ou longas noites de verão, quero deitar na relva e olhar as estrelas, quero ouvir os animais selvagens do norte. O norte. Sempre para o norte!