sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Minas


     Eu grado mesmo é do choro da viola. O canto doído do vaqueiro que dedilha as cordas com o coração.
     Gosto do luar, lá em cimão do céu, rodeado de nuvens.
     O frio que envolve a fogueira que queima lenta, brasa por brasa. O pio baixinho da coruja, o grito miúdo do grilo e os passos do vento na grama.
     Oh meu Deus. Salva o sertão, o campo, a rocinha agraciada do interior.
     Acordar, abrir a janela indá cedin e vê o orvalho ainda na grama e ficar quetim embaixo do Sol tímido da manhã. Tomá um café e comer um queijo fresquin...
    Já invem a baruiada do moedor de capim, os cavalos e os bois já vem de mainsim comê nu coxo. A pataiada já começa a algazarra e de uma vez já pulam na água.
     Buscar cabresto, selar o cavalo e já parto pro pasto. Trem bom, sem igual!

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A hora do faz de conta



A hora do faz de conta é aquela hora em que você sorri e finge estar sorrindo, quando por dentro se está chorando. É quando você acorda e olha no espelho e vê aquela pessoa que você gostaria de ser. Você então pega suas coisas e dá o fora de casa. Logo na rua, finge dar bom dia pro vizinho que finge estar preocupado com você com um vazio "tudo bom?".
Você finge pensar em coisas boas para que sua mente acredite na sua "fingição". Finge acreditar no futuro, finge ser uma pessoa boa, finge viver a vida da melhor maneira possível. Finge a arte de fingir. 
Pior é que você acaba acreditando.
Você acaba acreditando em si mesmo.

Você não ama seu companheiro.
Você não faz coisas boas para o mundo.
Você não é sincero, com ninguém nem consigo mesmo.

Fingir.
Fingir é pegar a verdade, lapidar, pincelar e fazer aquilo que você quer.
Véu e grinalda, terno e gravata, chupeta e mamadeira, carro e casa. Tudo construído da arte de fingir. 
Um castelo de cartas ininterrupto.