terça-feira, 26 de abril de 2011

Rainha dos condenados


Te darei o benefício da dúvida, pois que nenhuma jura de amor deve proceder a um pedido de desculpas. Por tanto tempo eu te amei. Ficam as marcas das feridas que cicatrizaram no ferro quente, cicatrizes que marcam agora a rigidez de um coração duro, gelado e seco.
Assim como o dia que nasceu e morreu frio, faço dele o meu coração que, de tamanha tristeza e sangria se fechou. Tal a sua rigidez que por infortúnio do acaso pode-se a qualquer momento quebrar em mil fragmentos, como o pão em migalhas e derramar o sangue pelo chão como o vinho quente pela mesa.
Onde guardar aquela saudade penetrante que envenena os nossos corações? Como se livrar dos grilhões que prendem-nos a nossa tortura mental e que por crueldade suprema relembram-nos todas as melancolias de uma música?
Ah, a Tristeza, donzela tão pertubante e presente que, por sua gélida e incessante presença torna-me cativo de tua agonia e de tua pertubante coroa. Sonhos estraçalhados, lágrimas de cristal, coração de gelo e olhar perdido. A Tristeza é a donzela que visita-nos dia após dia, preparando-nos para a tua irmã mais chegada, aquela que caminha junto com as sombras e em nossos tenebrosos sonhos: a Morte.

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