domingo, 29 de abril de 2012

O poeta dentro de mim



Temo que em mim o poeta morreu. Já não tenho mais o paladar da poesia, nem sinto mais o sabor da solidão.
Sim, a solidão e a tristeza que por mim escreviam. Elas que através de meus olhos captavam a doçura da vida e por minhas mãos transmitiam a tristeza e os sonhos nas palavras que eu tanto era habilidoso. Agora, confesso, que o poço da virtude finalmente secou. Não talvez até nosso inverno, onde o frio traz a mim o gelado gosto da melancolia. 
Acredito que para ser poeta é necessariamente ser triste e só. Infelizmente a alegria não faz grandes poesias, mas a tristeza consagra os renomados. Sorrir é apenas esticar os lábios. Chorar, chorar é difícil. Uma lágrima representa uma alma sangrando, uma alma despedaçada.
Temo ainda que este seja um dos últimos, senão o último de meus suspiros. Pensando que a tristeza é a força motora que move meus dedos, acho agora que não tenho tristeza para escrever mas nem ao menos me sinto feliz. Não seria um ou outro? 
Adentrar novamente a escuridão seria meu retorno a prática poética? Abraçando a melancolia restituiria aquilo que em mim já me faz tanta falta quanto é escrever? 
Vazio é tudo o que sinto. Um vazio profundo e perdido dentro de mim.