sexta-feira, 30 de abril de 2010

O Bruto e a Bailarina


Ele olhava a mulher pela janela. "Como é bela"-pensava ele.

Seus olhos assustadores fitavam a linda moça bailando. Muitos ao vê-lo ali, escondido, observando, julgariam-no um pisicopata. Porém, não sentia atração pela mulher, nem desejo algum, apenas amava vê-la bailando. Uma adoração.

Ah, ele a observava todas as noites. Ficava ali, detrás das cortinas encardidas, imerso em escuridão. Queria vê-la gigando para sempre, apenas para ele.

A forma como dançava, era tudo o que há de mais belo no mundo. Seu perfume invadindo o ar, seus cabelos num redemoinho de luzes e seus olhos, profundos e fechados, como num sono suave.

E assim era sua adoração, escondida, irrelevante. Sentia medo da reação que sua grotesca aparência iria causar. Sua forma gigantesca e bruta transmitia algo que não era.

Vivia assim, todas as noites a fitar, uma lágrima escorria no rosto. Não de tristeza, mas de adoração.

E se por uma noite não houvesse dança nem bailarina, terminava por quebrar o pouco que tinha e se castigava por não poder vê-la.

Tão louca paixão sentia aquele homem, paixão não pela mulher, mas pela forma como ela dançava. Delicada, graciosa, firme.

Todas as noites a fitar...

Um comentário:

  1. Eu entendi a adoração do pobre "feinho" à bailarina...rsrs
    Deve ser pq gosto de dançar e por vezes a dança emociona mesmo - emociona aos brutos e aos sensiveis ^^
    abraços

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