terça-feira, 21 de junho de 2011

O doce sabor da guerra



Flâmulas dançavam ao vento. O sol descia lançando raios de ouro sobre mim. As nuvens corriam pelos céus ao sabor do vento, mas eu não estava nada bem.
Banhado de sangue dos pés a cabeça, ferido e cansado, eu pairava sozinho entre mortos num campo de batalha. Minha espada ainda pingava sangue e o que eu ouvia eram os gemidos moribundos dos feridos, ou o barulho do sangue em borbolhas que saia em profusão das gargantas, ou até mesmo o grasnar dos corvos que rodeavam a carnificina em busca de alimento.
A guerra. Alguns dizem ser ela um grande mal, outros se deliciam com seu sabor, outros apenas a cumprem, marchando para a morte sem pestanejar. Uns como eu, não gostam nem desgostam, somente lutam pois é isto que fazemos. Nascemos para matar. Fomos treinados para isso... e cá estou eu, depois de anos de batalha, surpreso com tamanha brutalidade.
Não há heroísmo, nem mesmo bravura ou coragem. Quando soam os tambores e os gritos dos arautos, os homens marcham, marcham para a morte na frente de batalha, mas todos tremem. Mijam e tremem.
Alguns fogem, outros dançam, poucos lutam. Os que lutam, fazem-no loucamente, girando suas espadas e suas achas de batalha, ferindo amigos e inimigos, no círculo da morte. Quando todos vão tombando, o sangue escorre pela terra, unindo-se a urina e ao suor, criando um lamaçal viscoso. Os cavalos reviram seus olhos, empinam e relincham, jogam seus cavaleiros no chão e galopam para bem longe dali.
Quando a batalha acaba, resta apenas cinzas, fumaça e um odor insuportável no ar. Poucos vivem. Se Deus for o todo misericordioso, faz chover logo sobre a terra, lavando a alma dos vivos.

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