Águias de bronze cruzam os céus metálicos. Fogem de tormentas longíquas que vêm apoderando-se do infinito azul. Os raios cortam a escuridão em relâmpagos fotográficos. Os trovões tremem o solo, como a poderosa voz de Deus. Então, gotas descem das nuvens, rasgando os céus como ínfimos cometas gelados. Caem livres, como bombas, explodindo sobre as criaturas que olham a tudo com faces assombradas.
Nesse momento a Terra respira aliviada. Sem fogo, sem fumaça, sem sangue. A chuva. Ela cai para limpar toda a sujeira. Caindo...caindo... um presente dos céus. Rebomboam no ar os tambores, ressoam os clarins da vida. Notas musicais navegam pelo escuro, tão natural como a própria natureza.
Nada é mais belo quanto a chuva.
É uma mensagem particular de Deus para seus mais belos súditos, aqueles seres viventes que pisam no solo e ali vivem. Não sangram a terra. Sabem todos que a grama verdejante é seu chão, o céu o seu abrigo e as árvores suas moradias. Esses são os anjos que desceram dos céus.
Não há poder, não há propriedade, não há código. Tudo é tão natural como a carne e o sangue. Viver e se deixar viver. Essa é a lei da Natureza.
As águias cruzam os céus, os leões caçam suas presas, os lobos uivam pela noite, serpentes e macacos convivem nas árvores e nada os impede de viver. O coração selvagem pulsa forte como a batida de um galope, quente, indomável e hostil. Um coração que retumba com vigor dentro da cavidade fria da Natureza. Tento segurá-lo com minhas mãos, que ávidas, buscam uma saída para todo o desespero e aprisionamento.
Ele pulsa num reboar profundo, de dentro da escuridão. Entre as árvores e as montanhas, como quem chama almas suplicantes de aventura.
Entregue-se ao coração selvagem, pois a vida clama por um pouco mais de liberdade.
Muito bem escrito... bom de se ler e com uma mensagem viva e intensa.. Gostei!
ResponderExcluirParabéns!
;D