quarta-feira, 2 de junho de 2010

A partida de Heitor


Os soldados no alto da muralha apontaram para um brilho que percorria velozmente a planície. Como era de costume, tocou-se o sino de alerta e os soldados acorreram a suas armas e se postaram de prontidão para um eventual combate.


O brilho veio velozmente levantando a poeira do chão. Dado um tempo, perceberam os soldados que se tratava de um guerreiro portando uma incrível e bela armadura. Grevas, escudo, espada e elmo. Toda adornada de prata e fios de ouro.


Feito por Hefesto, filho do próprio Zeus. Mãos divina que dominam o metal.


Aquiles parou diante dos imensos portões de Tróia, olhou para o alto e comtemplou a grandiosidade da fortificação. Viu lá de cima cabeças que o observavam com curiosidade.


- Heitor!- chamou com sua poderosa voz.


Silêncio.


Heitor estava no seu aposento, se preparando. Na verdade, sabia desde o momento em que matara Pátroclo, que Aquiles viria com sede de vingança buscar sua morte. Era a ordem natural das coisas.


Um soldado veio à sua porta correndo.


- Senhor, um nobre guerreiro inimigo grita seu nome aos berros do lado de fora.


Heitor ouviu em silêncio. O soldado se retirou. Checou os últimos detalhes da sua armadura. Se armou de sua espada, sua lança e seu escudo.


Saindo pelos jardins encontrou sua bela esposa carregando seu filho no colo. Ela veio ter com ele, com os olhos assutados.


- Vejo que já sai para a batalha. Hoje não é dia de batalha, onde estão os seus que lhe acompanham? Não és louco de sair sozinho por essas bandas.


Ele a fitou em silêncio. Não quis chorar, mas já sentia sua falta. Sentia falta do seu calor, do seu olhar, do choro de seu amado filho. Ele, que dormia tranquilamente, isento de dor e de guerra.


- Agora, eu vou confrontar um valoroso guerreiro. É capaz que eu não volte com vida, se assim os deuses não o quiserem. O homem que enfrento é mais versado que eu em batalha. Lutarei por ti, minha amada e por essa pequena criança que dorme junto a ti, meu filho querido. Quando ele crescer e eu não aqui estiver, ensina-lhe a devotar os deuses, ensina-lhe os valores de homem, as práticas da guerra e versa-o em artes. Torna-o o mais valoroso príncipe de Tróia.


Os olhos de Heitor encontraram o de sua esposa. Não houve beijo, nem adeus.


Ele se virou rumo aos portões e saiu de encontro a Aquiles.

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