quarta-feira, 9 de junho de 2010

Tormenta


A paz chegou enfim. Depois de uma nebulosa e escura tormenta, o vento fresco voltou a soprar. Levou dor, levou tristeza, levou preocupações.

As ruas estavam molhadas e o sol, como num dia de verão, veio erradiar o dia, tímido, entre as nuvens. As pessoas saiam lentamente de suas casas, pisavam no chão molhado, atravessando os galhos caídos, as telhas quebradas, os postes tombados. O vento vinha fresco, leve, úmido, como se mandado por Deus, de modo a apaziguar os dias tempestivos que atingiram aquela pequenina cidade.

As pessoas iam pouco a pouco retomando as suas vidas. Suas feições ainda eram duras, assustadas. As mães recolhiam suas crianças nos dias mais escuros, homens voltavam a suas casas com o passo rápido, olhando para o céu. Apenas alguém se divertia com tudo.

Ele era um pequeno garoto, se auto chamava O Senhor das Chuvas. Travessura de menino. Apenas ele saboreava o escuro da noite, o escuro das nuvens, o tocar do vento, o frescor da chuva.

Nos dias em que o vento começava a soprar mais forte, saía ele na penumbra do fim de tarde. Ele se sentia o senhor do mundo com tudo aquilo. Aquele vento fresco, as luzes dos postes, a rua molhada, o silêncio da ausência das pessoas. O além da escuridão, o desconhecido, a força, o poderio das tempestades sempre o atraia. Ele amava os tornados, as chuvas, os ventos, os raios...

O Senhor das Chuvas sabia era apenas aproveitar a simplicidade da vida e as coisas que a natureza nos dá todos os dias. O Senhor das Chuvas sabia colher a beleza no meio da tormenta.

2 comentários:

  1. Adorei esse!
    Senhor das chuvas, muito foda cara, tu escreve bem demais.

    Keep rocking!

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  2. Tu escreve super bem,gosto pouco de filosofia mas tu soube me prender até o fim do post.Adorei

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